quinta-feira, 31 de julho de 2025

AS PEDRAS DE ROMA - COMENTÁRIO

 

AS PEDRAS DE ROMA

Edmilson Caminha, da Academia de Letras do Brasil, jornalista e escritor.

 As Pedras de Roma, em primeira edição publicada pela editora MaisQnada, Porto Alegre (2009), chega em segunda edição, pela editora Kelps, Goiânia (2025). Eugênio Giovenardi é dos poucos brasileiros capazes de escrever um livro com a riqueza humana e a magnitude literária que põem o romance As pedras de Roma entre os mais expressivos da nossa literatura, nos últimos tempos. Teólogo, filósofo e sociólogo, o autor detém profundo conhecimento da Igreja Católica, a que apela para contar a história impressionante de Giovanni de Medici, feito cardeal com 13 anos de idade, e que governou o Vaticano, como Papa Leão X, de 1513 a 1521, quando se suicida aos 45 anos”. São memórias de um ex-diretor da Biblioteca do Vaticano ─ “Rapporti confidenziali” lembranças, pensamentos e relatos de Leão X, talvez anotados e guardados, por um anão letrado que lhe prestava serviços. Tão bem escrito é o romance que chegamos a crer na veracidade do diário, como se fora mesmo um documento histórico, por entre personagens como Erasmo de Roterdam, Rafael, Michelangelo e Leonardo da Vinci. Os capítulos, elegantemente titulados em latim, são ladeados por imagens de quadros famosos.

Os Fugitivos da Água - RESENHA Paulo Roberto de Almeida

 Os Fugitivos da Água Eugênio Giovenardi:

(Goiânia: Kelps, 2025)
Comentários do escritor, acadêmico do ihg,df e diplomata
PAULO ROBERTO DE ALMEIDA
Estou lendo este "romance científico futurista", se assim posso classificar este livro, do meu amigo, colega sociólogo (embora eu nunca tenha exercido a profissão) e colega de academia, no caso o IHG-DF, obra que tem uma construção original, mas que é embasada (cada linha, cada parágrafo, cada capítulo) na mais pura informação científica, nos campos da ecologia, da sociologia, da economia, da biologia e muitas outras disciplinas trabalhadas com esmero e profundo conhecimento por este "Renaissance Man" (provavelmente mais do que isto).
Trata-se de um relato feito em meados do século XXII, ou seja, em torno de 2150, sobre o desaparecimento do mundo como o conhecemos hoje, a partir de uma fissura geológica na África (entre o Sudão e a Etiópia) que precipita uma invasão dos mares sobre territórios habitados, uma espécie de "Segundo Dilúvio".
O suposto autor, ou narrador da catástrofe ecológica, é Seven Oitis, descrito como um "Naturólogo, Licenciado em Inteligência Ambiental", cujo nome, escrito ao inverso, significa simplesmente "Sítio Neves", ou a morada do Eugênio. Ele cita um autor de um livro, "O Outono Sem Fim" (publicado em 2119), que seria Lechar Nosrac, também um nome invertido, que remete à famosa Rachel Carson, autora de "Silent Spring" (1962; reeditado muitas vezes, e ainda hoje lido com devoção por todos os ativistas da defesa ambiental (o que é exatamente a mais importante atividade de Eugênio Giovenardi).
A Rachel Carson é praticamente a "mãe" do movimento ecologista contemporâneo, tendo denunciado o uso de defensivos agrícolas por grandes empresas da área, sabotada por eles, mas que se impôs corajosamente até a proibição legal do uso de vários produtos tóxicos nocivos à alimentação humana. Vcs podem ter uma ideia da importância dela lendo a biografia na Wikipedia, e verificando os livros na Amazon. Não vou relatar o enredo do livro, pois quero que os que lerem esta nota procurem a obra para saber como é que a humanidade, ou boa parte dela, se tornou "Fugitiva da Água", um dilúvio, ou super inundação, causada pela destruição da natureza pela ação humana. O que sim gostaria de confirmar é a riqueza da informação científica manipulada de forma competente por Giovenardi, uma vez que, como afirmei acima, cada frase dele vem sustentada em fatos reais, do mundo natural, trabalhados por cientístas, e explicados de maneira racional, mas de forma agradável, atraente. Transcrevo um trecho, da p. 78-79:
"Perguntava-se Lechar Nosrac [ou seja, a Rachel Carson do século XXII], em uma de suas muitas entrevistas à imprensa televisiva, 'como foi que se chegou a esta raiva do tempo, da natureza, do planeta? Que foi feito da primavera que chegava antes do verão?' As neves nórdicas e as águas da Antártida derretidas não só modificaram os costumes dos habitantes do mar, como alteraram o modo de vida dos moradores dos continentes invadidos. Documentários produzidos nos grandes degelos dos anos 2060 [ou seja, o resultado prático do aquecimento global, já em curso neste século], registravam cenas reveladoras dos alertas repetidos por inúmeras agências observadoras do clima e dos fenômenos físicos ao redor do planeta. Por incredulidade, ou incompetência ou 'interesses maiores' não haviam sido levados a sério pela população nem pelos órgãos da administração pública dos países, localizados à margem de oceanos e possuidores de grandes rios que neles desembocavam."
Voilà, isso dá uma ideia de como Giovenardi desenvolve seu argumento, por vezes narrado pelo 'autor' (Seven Oitis) ou pela Rachel Carson (invertida) do futuro (a verdadeira morreu dois anos depois de seu famoso livro, em 1964. Os capítulos são descritos pelo narrador, com dois amigos também cientistas, e eles vão repassando toda a literatura científica sobre o meio ambiente desde os anos 1960, 70 (primeira conferência sobre meio ambiente, em Estocolmo, em 1972), os alertas do Clube de Roma e todos os malthusianos e catastrofistas do esgotamento dos recursos naturais, a destruição da natureza, os relatórios "da antiga Organização das Nações Unidas" (ou seja, ela já terá desaparecido no século XXII, e Trump, por uma vez, não é o culpado direto, pois o livro foi escrito antes que o laranjão começasse a destruir o mundo de forma mais afirmada) e uma pletora de outros materiais relacionados na bibliografia do livro.
A obra termina, justamente, por uma entrevista com Lechar Nosrac, ou seja, a Rachel Carson do futuro. Aos que desejarem saber mais sobre o autor e suas obras, recomendo uma visita a uma (ou mais) de suas páginas.
Brasília, 21/07/2025

terça-feira, 8 de julho de 2025

Uma agroindústria ecológica

 

Uma agroindústria ecológica

 Fui presenteado pela Natureza, há cinquenta anos, com uma agroindústria de caráter entouceirante, do gênero guadua ou bambu, ambientalmente sustentável, renovável, autônoma, sem investimentos monetários, sem patrão, sem empregados. Produz utensílios auxiliares para conveniência de usuários, sem greves nem conflitos trabalhistas e previdenciários. Oferece gratuitamente canudos de longa vida, para sorver líquidos em substituição aos derivados de plásticos e papel. Se descartados por longevidade, retornam à natureza, ao solo, aos rios, ao mar sem poluí-los nem contaminam organismos vivos, humanos e não humanos.

Além da água da fonte, quanto se pode ter gratuitamente da natureza que espera pacientemente que os seres humanos aprendam a ser socialmente, economicamente e politicamente inteligentes para viver com sabedoria a felicidade de participar do milagre da vida e compreender a simples economia da natureza.

Imagens: Bambus e canudos de bambus. (Fotos, Eugênio Giovenardi, 91, Sítio Neves)

quinta-feira, 26 de junho de 2025

28.6.1934 – 91 ANOS

 

28.6.1934 – 91 ANOS

Ao completar 91 anos, agradeço a Ignez e Antonio pela vida, a Hilkka Mäki pela amorosa companhia de 56 anos, a minha filha Aino Alexandra e genro Ronald Neri, a minhas netas Luiza e Laura, pelos atenciosos cuidados diários; a meus irmãos Luís, Maria Celina, Celso, Ivo, aos irmãos que partiram ─ Nelson, Cláudio, Victor, Terezinha, minha perene lembrança. A primos e primas, sobrinhos e sobrinhas espalhados por diferentes terras brasileiras, a Dadá e seus filhos Jefferson e Ítalo minha gratidão. Aos amigos da natureza, das árvores, das águas e a todos os hóspedes do Sítio Neves minha felicidade vegetal. A todos os caminhantes que abrem caminho de liberdade e paz ofereço minha mão estendida e os pensamentos que a vida me revelou e registrados em algumas centenas de páginas nos 30 livros publicados.

 

OS FILHOS DO CARDEAL, Paralelo XV, 1997. 2a Edição -  2009 com novo título - O HOMEM PROIBIDO - Romance Movimento, traduzido ao espanhol – Los hijos del cardenal - Ed. Arte y Literatura, 2000. Ao finlandês – Kielletty Mies - Like, 2005. Ao inglês - The Forbidden Man - Kelps, 2019. Ao francês – L’Homme interdit  -  2020

POEMAS IRREGULARES, 1998 - Poesia

EM NOME DO SANGUE, 2002 – Romance,

 Prêmio Açorianos de Literatura, 2003.

Traduzido para o finlandês. 2005. -
VENTOS DA ALMA, Poesia, 2003

OS POBRES DO CAMPO, 2003 - Ensaio

SOLITÁRIOS NO PARAÍSO -  2004 Poesia

O RETORNO DAS ÁGUAS, NASCENTES, 2005, Bilingue - 2a edição, 2015 – KELPS ▬   Ensaio

A SAGA DE UM SÍTIO, 2007 – 2a edição, 2016 - Crônicas

AS PEDRAS DE ROMA, 2009 – Traduzido ao inglês – THE STONES OF ROME - KELPS - 2019-  Romance

HELIODORA, 2010 - Romance
SILÊNCIO,  2011- Romance
AS ÁRVORES FALAM - -- 2012 - Crônicas

O ÚLTIMO PEDESTRE -- -  2013 – Romance

SUTILEZAS DO COTIDIANO -  -2013 - Crônicas

ECOLOGIA - Nova forma de prosperidade - - 2014 - Ensaio

NO MEIO DO CAMINHO – 2014 – Ensaio

ANARQUISMO LITERÁRIO, 2014, KIRON - Ensaio

UMA OBRA EM VERDE -  KIRON – 2016 - Ensaio

RELICÁRIO, KELPS, GOIÂNIA, - - 2016 Poesia

REENCONTRO - O que aprendi da natureza - KELPS, 2017 – Ensaio

ALDEBARÃ E EU, Kelps, 2018 ─ Crônicas   

A VELHICE DO TEMPO - O TEMPO DA VELHICE, 2020, KELPS Ensaio

ECOSSOCIOLOGIA, ─ RELAÇÕES HOMEM/NATUREZA ─ KIRON – 2016 – 2a edição ampliada, KELPS, 2021 - Ensaio 

CALIANDRA- ouvindo a natureza –  2020 - KELPS –– Poesia

CARTAS DA PRISÃO –– KELPS – 2020/2021 – Crônicas

À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA – KELPS, 2022 – Crônicas

O CERRADO E NÓS ─ Escritos Ecológicos ─ KELPS, GO, 2022)

OUVIR AS ÁRVORES ─ Crônicas ─ KELPS, GO, 2023

SEGREDOS MILENARES DO CERRADO ─ Fotolivro ─ Athalaia Gráfica e editora, Brasília, 2024.

OS FUGITIVOS DA ÁGUA ─ Romance ─ KELPS, GO, 2025.

UM OLHAR ECOAMBIENTAL SOBRE BRASÍLIA ─ Artigos ─ KELPS, GO, 2025

A)      BRASÍLIA, A TERRA PROMETIDA ─ Livreto ─ Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico - Distrito Federal - Cadeira 94 - Gilberto Freire, 2008.

 B)     DYONÉLIO MACHADO ─ Livreto ─ Discurso de posse na ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL Cadeira XIX, 2019

segunda-feira, 16 de junho de 2025

PONHA-SE NO SEU LUGAR

 

PONHA-SE NO SEU LUGAR

 

A ordem foi dada por um senador, contaminado pelo escravismo, à ministra Marina Silva. A ex-senadora estava no lugar errado. Foi alertada e saiu. Marina Silva, embora o próprio governante não saiba, é Ministra da Natureza, para proteger a biodiversidade. Este é seu lugar, mesmo contra a ignorância senatorial. Marina Silva se alfabetizou com a letra “a” de árvore, de água, de amor à vida que pulsa nas florestas, nos rios e nas terras do planeta.

Seu legislador á a natureza cuja constituição não requer nem precisa de emendas parlamentares. Ministra Marina Silva defenda, com o apoio de milhões de vozes libertas, seu privilegiado lugar habitado por vidas humanas e não humanas, impulsionadas por contagiantes energias que falam, cantam e alegram o planeta.

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

 

CHUVAS DE MAIO  ▬  ANOS 2013 a 2025

SÍTIO DAS NEVES – BR 060 – KM 26 – DF -

Em milímetros ─ 1 mm = 1 litro/m2    

 MÊS                                      MM/MÊS           TOTAL/ANO/ MM

 

2013                               –         25,3               2.255,6

2014                               –         26,0               1.677,5

2015                               –         42,0               1.642,7

2016                               -          38,9               1.921,7

2017                               ─         64,2               1.478,7

2018                               –            9,1               1.760.5

2019                               –          16,3              1.069.3

2020                               ─         17,7                1.787,8

2021                                ─        00,0               1.710.8

2022                               ─           6,3               1.279,2 

2023                               ─          00,0               1.323.4 

2024                               ─          00,0               1.770,9

2025                                         00,0                   510,8 (no ano)

 

Durante 156 meses (doze anos), registro e publico os volumes de chuva, captados pelo pluviômetro autorizado pela Agência Nacional de Águas, na área da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Lajes. É lamentável que mais da metade do bioma Cerrado esteja sendo desvirtuado. A regeneração de uma área, para o bom funcionamento de uma floresta, leva mais de 50 anos. Nos últimos 13 anos, o volume de águas do período chuvoso vem diminuindo alarmantemente, acompanhado de tempestades arrasadoras e letais.

O Sitio das Neves (700.000 m2) registrou, ao longo do mês de maio, 00,0 de litros. Nesses doze anos, apenas em três meses se registrou mais de um litro/dia. A partir de 2021, a mudança do clima não é apenas um alerta. É uma realidade! O acumulado de chuvas do ano de 2025, é de 510,8 mm (ou litros por m2,) na região da microbacia do Ribeirão das Lajes, no Distrito Federal.   

quinta-feira, 29 de maio de 2025

"SENATUS" ou VELHOS GAGÁS

 

"SENATUS", de origem latina, significa "conselho de anciãos", ora direis!!!

Ao ouvir um senador repreendendo a ministra do Meio Ambiente com estas palavras: ─ ¨A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do país¨ ─ compreendi minha intuitiva decisão de respeitar, ao longo de 51 anos, a lenta regeneração de setenta (70) hectares de Cerrado. Sou hóspede desta biocomunidade que abriga generosamente seres humanos e não humanos, alegra a biodiversidade e sustenta a teia da vida.

700.000 árvores, milhares de arbustos e gramíneas são antidesenvolvimentistas. Os 70 hectares, se libertaram da ganância humana. Não alimentam possíveis 70 bovinos.  Não produzem 350 ton. de soja. Não exportam jacarandás, cajazeiras, angicos, copaíbas, embiruçus, guapevas, jequitibás.

Corajosa e eficazmente, recebem e retêm, cada ano, 840 milhões de litros de água para revigorar nascentes e recarregar aquíferos. Os 70 hectares antidesenvolvimentistas podem reter 2.240 t de CO2 e devolver, diariamente, outras tantas de oxigênio limpo.

A natureza das coisas e da vida mostrou-me o caminho da felicidade possível. O capitalismo inadministrável aprisionou a teia da vida, humana e não humana, num labirinto político-econômico. 

Para Marina Silva

A natureza te abraça.